Marisco no Restelo, uma Ceia na Graça. Um pequeno roteiro dos melhores restaurantes que têm surgido nos últimos meses.
Nunes Real Marisqueira
Ainda ninguém descobriu uma fórmula para se poder comer no fundo do mar sem se molhar, portanto, não vale a pena achar que lhe vamos apresentar essa solução. De sonhos impossíveis, passemos para terrenos palpáveis. A Nunes Real Marisqueira mudou-se de armas e bagagens para o Restelo, aumentou o seu espaço – de duzentos metros quadrados para mil – para dar o melhor marisco em Lisboa num autêntico palácio.
Está lá o mar, os pescadores, o imaginário azul. Desde 2001 que é assim. Juntaram-se mais técnicas de cozinha, como a brasa ou a fritura, mas a carta mantém o marisco no coração, que agora se ilumina através de um espaço Art Déco, polvilhado por artesãos e artistas portugueses. Pode sempre manter-se tradicional, se já for um cliente habitual, e ficar-se pelo casco de santola (20 euros), ameijoas à bulhão pato (25 euros) ou pelo misto de mariscos elaborado pelo chef (200 euros). Ou então, inova com um caril thai de lagosta e gamba (27 euros). Se quiser, mantenha-se mesmo nos clássicos, porque um linguado ao meunière (30 euros) ou um lavagante à basca (115 euros) nunca desiludem.
A Antiga Camponesa
O dono do antigo restaurante A Camponesa reformou-se mas ninguém quis deixar morrer o espírito deste sítio. A Antiga Camponesa, na Calçada do Combro, com outros estabelecimentos em Lisboa (A Taberna das Flores). Antes do Adamastor, é aqui que habita o passado e o futuro da gastronomia portuguesa: o taberneiro, sim senhor. A sazonalidade joga aqui uma peça importante, portanto não se admire se escolher este local e, de repente, ser presenteado com pratos feitos com ingredientes que só lá estiveram nessa visita. São 32 lugares com história, onde pode fazer a sua reserva. Peixe Espada Preto com Xarém de Mexilhão, Abobrinha e Requeijão, Terrina Camponesa. Pode ser surpreendido com estes ou outros pratos. Bem vindo a Portugal.
Ceia
Quer seja religioso ou não, tem de ir ao Ceia em São Vicente. Mora no Santa Clara 1728, hotel na Graça, que vê este restaurante voltar à sua atividade normal. Aqui não há só o mar, pode também colocar umas galochas fictícias e entrar numa floresta de sabores. Passemos a foleirice, e vamos ao que interessa: há menu de degustação com harmonização de vinhos (entre os 100 e os 150 euros) e com harmonização de sumos (que se fica pelos 130 euros. A mesa central, que se mantém desde início, dá para 14 pessoas. Por vezes, preservar a memória é o melhor para se manter o bom gosto.
Corrupio
Um gastrobar no Cais do Sodré pode não ser novidade. Depende. Se for acompanhado com grandes vinhos e uma carta com Timbale de Frango (14 euros) ou com Escabeche de Codornizes do Bigodes (9 euros). Não? Depende outra vez. E se for um “familiar” do já famoso “Bar da Odete”? Pois, aí começa a chegar. Há vários tintos e brancos, três rosés, com garrafas a preços que podem chatear a carteira ou não. Depende. Do bom gosto. Da companhia. Da vontade de continuar…
Animal
Andamos por aqui a falar muito de mar e de flora, falta a fauna. Para os lados da Avenida da Liberdade está um Animal, no Hotel Hotel, onde se come e bebe muito bem. Uma espécie de selva urbana no meio da cidade onde não existem animais enjaulados. Comida saudável, sem recurso a óleo ou similares, que vai desde um risotto de lima e carabineiro (36 euros) a T-bone com batata esmagada (80 euros mas para duas pessoas). Há propostas quer faça chuva ou sol. Aliás, noite, dia, tarde. Pode também pedir sushi, porque o Japão “comprou” estadia vitalícia neste restaurante.
Oitto
O Chiado não serve só para passear ou fazer compras. Nem Oitto nem Oitenta. O primeiro, é o novo restaurante da zona com uma cozinha baseada em ingredientes e receitas tipicamente portuguesas. Experimente papada de porco (8,5 euros) ou camarão tigre grelhado com molho de manteiga e bisque (20 euros) só para começar. A seguir, siga para um entrecôte maturada com coração de alface grelhada e batata frita (19,8 euros) ou para uma açorda do mar (25 euros). Tem também pratos vegetarianos e menus especiais para crianças.
Come to Tricky’s
Cozinha contemporânea e um sítio que não se leva muito a sério, apesar de ter tudo no sítio certo. É o Come to Tricky’s, com cozinha aberta para a sala, com uma carta que vai mudando em roda viva. E tem uma novidade: serve principalmente vinhos estrangeiros com mínima intervenção. Tem também cervejas artesanais e outro tipo de bebidas, que vão muito bem com os vários petiscos que o restaurante oferece: tortellis de ricota, curgete e limão (13 euros), por exemplo. Pode já sentir-se um pouco deslocado da alma lisboeta, mas esta é já uma nova realidade. Porque não experimentar?
O Jardim do Sr Lisboa
Nem tudo tem de girar à volta de peixe e carne. No Jardim do Sr. Lisboa o protagonismo fica para os vegetais. Muito próximo do Palácio de São Bento, este restaurante está aberto para jantares, tem brunch e ainda o consegue visitar aos fins de semana. Cinco euros duas ostras, flatbread de kombu, mexilhões tomate de coração de boi e flores do Jardim (6,5 euros) ou couve-flor frita (9 euros) são alguns dos pratos que fazem de um menu carismático e colorido. Há ainda uma carta de bebidas por descobrir, com assinatura da cocketelaria Toca da Raposa. E já falámos da sobremesa? Envolve pastéis de nata… é melhor não.
Omakase Ri
Muitas vezes ficamos nas mãos de um chef mau. Outras, já em japonês, ficamos Omakase Ri, que quer dizer a mesma coisa. Está em Alcântara e tem apenas sete lugares ao balcão. Peixe de Espanha, mas também do Mercado 31 de Janeiro, as peças são servidas à vez. O menu custa 65 euros com direito a harmonização de sakés (por mais 30 euros). É necessário fazer reserva com 24 horas de antecedência.