Tradição secular virada do Avesso
Conversámos com João Miguel Maia, diretor geral da Casa de Vilacetinho, sobre o que sustenta a longevidade do projeto e faz dos seus vinhos símbolos maiores da região dos Vinhos Verdes.
Localizada na margem norte do rio Douro, na freguesia de Alpendurada, em Marco de Canaveses, a Casa de Vilacetinho é um dos mais antigos produtores na Região dos Vinhos Verdes, confundindo-se a sua história com a da própria região.
1. A escolha da Rainha de Inglaterra em 1957
A origem da Casa de Vilacetinho remonta a 1790, com a compra e unificação de duas propriedades, em tempos pertencentes ao património fundiário do Mosteiro Beneditino de Alpendurada. Mas há outros episódios a marcar a história desta Casa secular, como o da visita de Isabel II, Rainha de Inglaterra, em 1957, a quem foi servido um vinho da Casa de Vilacetinho, escolhido pelos próprios ingleses entre vários lotes apresentados.
Se a história secular atesta a solidez do projeto, são as caraterísticas únicas que ajudam a afirmar a Casa de Vilacetinho e os seus vinhos como referências incontornáveis na região. São cerca de 30 hectares de vinha com solos graníticos, com exposição a sul e forte influência dos ventos atlânticos, bem como uma grande amplitude térmica e rica fauna envolvente, que potenciam o desenvolvimento de vinhos diferenciados.
2. Avesso: a estrela entre castas brancas
São várias as castas utilizadas na produção dos vinhos da Casa de Vilacetinho – Alvarinho, Arinto e Loureiro, entre as brancas, e Azal, Vinhão, Touriga Nacional e Touriga Franca, nas tintas, mas a ‘estrela da companhia’ é assumidamente o Avesso, simultaneamente uma das mais emblemáticas e desafiantes castas da Região dos Vinhos Verdes.
É esta casta, cujo potencial a Casa de Vilacetinho trabalha há décadas para revelar, que define o perfil clássico dos seus vinhos: carácter forte, com textura e volume, mas com um perfil jovem e fresco.
3. Casa de Vilacetinho Avesso Reserva
Do portefólio da Casa de Vilacetinho, que integra referências que vão desde Vinhos Verdes DOC a Espumante produzido com o método clássico ou mesmo Colheita Tardia, destacam-se duas novidades de 2018.
O Casa de Vilacetinho Avesso Reserva, elaborado 100% a partir da casta Avesso (50% do lote por estágio em barricas em carvalho francês usadas). Apresenta-se em 2018 com um perfil que denota o equilíbrio pleno entre o trabalho de experimentação que esteve na sua base a fidelidade ao temperamento e à imprevisibilidade que definem a casta.
Vinho gastronómico por excelência, exibe notas de tosta (de madeira) e aromas cítricos, apresentando-se como aliado perfeito para pratos típicos portugueses como o bacalhau em azeite ou a carne assada.
4. Casa de Vilacetinho Avesso Superior
Já o Casa de Vilacetinho Avesso Superior, anfitrião-mor da Casa de Vilacetinho, revela na colheita de 2018 o volume e a estrutura já presente em colheitas anteriores, assim como a acidez característica da casta, sem comprometer a cremosidade, que se impõe na boca.
Pela sua mineralidade, frescura e jovialidade, este é um branco marcante, ideal para apreciar por si só num dia quente de verão, sendo igualmente perfeito para harmonizar com peixes grelhados, saladas ou carnes brancas.
5. Desenhar o futuro reinventando o passado
Curiosidade, inquietude e experimentação marcam o ADN da Casa de Vilacetinho e continuarão definir as suas orientações futuras. Aos amantes de Vinho Verde e àqueles que ainda não conhecem a diversidade que esta região tem para oferecer, a Casa de Vilacetinho continuará a disponibilizar vinhos capazes de honrar a sua história, reinterpretando-a.
Vinhos cuja identidade se reconhece, mas que surpreendem pelo temperamento particular que a cada colheita revelam. Frescos, aromáticos e do Avesso!