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10 vinhos para o verão, por Gonçalo Patraquim

Camarão ao Alho

Gonçalo Patraquim é Head Sommelier do Adegga e responsável pelo serviço Sommelier Privado, estando disponível (de forma gratuita) para recomendar vinhos, aconselhar a melhorar garrafa para um prato ou ocasião e esclarecer qualquer outra dúvida. O Sommelier Privado pode ser contactado através do email [email protected].

Chegou o verão, o calor, a praia e a piscina, os grelhados na brasa e os serões ao ar livre.

Por defeito de profissão, ou prazer assumido, da mesma forma que no inverno harmonizo vinhos com a lareira acesa e um bom livro, nesta época abro garrafas para harmonizar especificamente com uma boa tarde de conversa com amigos à beira da piscina ou com os petiscos que não dispenso à mesa nesta altura do ano.

Partilho convosco uma seleção de 10 vinhos que têm em comum a frescura. Brancos, tintos, simples ou complexos, no verão impõe-se que sejam frescos.

1. Quinta do Ameal Loureiro 2018

É Vinho Verde, mas não é Alvarinho. É Loureiro!

Um produtor incrivelmente consistente que, na sub-região de Lima, entrega, ano após ano, este excelente branco.

Aromaticamente descomplicado e com uma acidez refrescante, o Quinta do Ameal Loureiro 2018 (8,99€) pede para ir à mesa. Todos os pratos em que costume espremer um limão e adicionar coentros no fim da confeção, fazem-lhe justa companhia. Gambas ao alhinho ou ameijoas à Bulhão-Pato precisam deste vinho e vice-versa!

2. 4 Tons Turra 2018 Tinto

Ainda que na mesma região, arrisco agora um vinho que pode ser considerado “fora da caixa”.  

Uma ótima e desconcertante abordagem à casta Vinhão, conhecida por ser muito tânica e desequilibrada, mas que neste 4 Tons Turra 2018 Tinto (8,50€) se mostra perfeitamente domada e balanceada.

Fresco no aroma (fruta vermelha e ligeiro vegetal) e na boca, com um tanino suave e uma acidez marcante. O vinho perfeito para surpreender numa sardinhada! Sirva-o ligeiramente fresco.

3. Muxagat Os Xistos Altos 2017

Viajemos, agora, um pouco para Sul. O Douro não é conhecido pela frescura dos seus brancos mas nas cotas altas da Meda há um vinho que, apesar da sua consistência ano após ano, surpreende sempre: o Muxagat Os Xistos Altos 2017 (21€), 100% Rabigato, é um vinho com tudo!

O nariz é expressivo e complexo. Mineralidade, fruta, ligeira oxidação. Apesar da sua alta acidez, na boca é dono duma finesse invejável, cremoso e longo. Areje-o num decanter e desfrute-o com um bom peixe branco grelhado e uma salada de tomate maduro.

4. Quinta de Foz de Arouce 2015 Branco

Habituado ao calor do Alentejo e Douro, João Portugal Ramos tem uma propriedade mais fresca, perto da Lousã, onde cria vinhos fantásticos.

Elaborado a partir da casta Cercial, e com fermentação e estágio de 7 meses em barrica com battonage, este Quinta de Foz de Arouce 2015 Branco (14,99€) apresenta-se fresco e mineral, equilibrando a acidez elevada com o corpo surpreendente.

Aromaticamente é muito discreto quando novo mas ganha intensidade e complexidade com a idade. Este 2015 está num grande momento! Sugiro acompanhá-lo com uma reconfortante caldeirada de peixe.

5. Vale dos Ares Alvarinho “Vinha da Coutada” 2017 Branco

Se for como eu, depois duma boa caldeirada de peixe, não dispensa a massa feita com o caldo sobrante, com um toque de hortelã e um pouco de sumo de limão. Para esse prato, proponho-lhe um Alvarinho de incrível qualidade.

O prazer que este Vale dos Ares Alvarinho “Vinha da Coutada” 2017 Branco (29,99€) resulta da sua complexidade aromática, estrutura surpreendente e da sensação sedosa que perdura na prova. Fermentado e estagiado 12 meses em barricas usadas e com battonage regular. Grande vinho!

6. Vicentino Alvarinho 2018 Branco

Depois desta sugestão compreendo que não queiram mais saber das minhas opiniões ou recomendações vínicas.

Peço, no entanto, que me permitam a ousadia e espero que ousem também. A sugestão vai agora para um Alvarinho… do Alentejo. Mas um Alentejo muito diferente.

A mostrar um perfil menos frutado da casta rainha de Monção e Melgaço, este Vicentino Alvarinho 2018 Branco (11,75€) provém das vinhas litorais do Brejão, perto da Zambujeira do Mar. Acidez vibrante, salino, longo e simplesmente prazeroso. Beba-o na piscina ou a acompanhar o seu caranguejo preferido. Para mim, santola!

7. Azores Wine Company Arinto dos Açores 2018 Branco

É impossível falar de marisco e de vinhos salinos sem falar de Açores e dos incríveis vinhos que lá se fazem.

Dos solos vulcânicos da ilha do Pico nasce esta casta autóctone dos Açores (diferente do Arinto do continente), que origina este maravilhoso vinho: tenso, incrivelmente acídulo e francamente mineral.

O Arinto dos Açores 2018 Branco (23,90€) é o par perfeito para sabores naturais de mar, como ostras, cracas ou percebes.

8. Identidade IM 2015 Espumante

Já lá vai o tempo em que os espumantes só se abriam em celebrações.

Hoje em dia queremo-los à mesa para acompanhar uma refeição ou até uma conversa entre amigos. Não os dispenso, principalmente no verão.

A proposta vai assim para o Identidade IM 2015 Espumante (13€), um bairradino feito de Chardonnay e Baga, com muita garra. Aromaticamente vivo, com notas cítricas, minerais e alguma tosta, que convivem com uma boca muito fresca, e cujo equilíbrio entre a acidez e doçura lhe confere uma enorme versatilidade. Sirva-o bem fresco mas, se o levar para a mesa, deixe subir um pouco a temperatura e aprecie as notas de panificação a surgir. Sushi, sem molhos doces, por favor!

9. Herdade do Portocarro Tears of Anima 2018 Rosé

E falar de verão ignorando estilo de vinho que nasceu, no Sul de França, especialmente para esta época, seria uma enorme falha.

Falo-vos do provenciano Rosé, que também por cá conta com belos exemplares, como este Herdade do Portocarro Tears of Anima 2018 Rosé (15,37€).

Feito da casta Sangiovese, com muito pouca expressão em Portugal, este rosé não parece nascer no calor do Torrão. Surpreendentemente fresco e envolvente, com aromas de ameixa branca, rosas e uma mineralidade inegável. Acompanhamento perfeito para saladas frescas ou queijos curados.

10. António Saramago Moscatel 2013 Fortificado

Por fim, um vinho para os mais gulosos.

E como me incluo nesse feliz grupo de pessoas, puxo a brasa à minha sardinha e termino as sugestões com um belíssimo Moscatel de Setúbal.

Um jovem moscatel elaborado por um “senhor enólogo”, este António Saramago Moscatel 2013 (15,99€) exibe aromas de flôr de laranjeira, uva, mel e anis, a que se juntam suaves notas de frutos secos e canela, que começam a surgir no bouquet.

Doce, como se quer, e com uma ótima acidez, como se precisa! Servir bem fresco com uma belíssima, e também fria, torta de laranja. 

Espero que as minhas sugestões inspirem as vossas escolhas para o verão. Digam-me o que acharam dos vinhos e, caso experimentem, das harmonizações. Saúde!


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