Como nasceram e o que caracteriza os vinhos Anselmo Mendes?
Nasceram de uma paixão enorme pela região de Monção e Melgaço, onde nasci e cresci, e pela casta Alvarinho, que comecei a estudar e com a qual comecei algumas experimentações ainda em 1987.
Acreditava que tínhamos potencial para produzir vinhos brancos de altíssima qualidade e assim iniciei a minha produção própria de vinhos em 1998. Nascem então vinhos fruto das minhas experiências de fermentação e estágio de Alvarinho em barrica, a curtimenta e o estudo de solos e parcelas.
O que torna a região e a quinta de onde são originários especiais?
A sub-região de Monção e Melgaço tem um terroir muito particular: tem um clima temperado de influência atlântica moderada, com uma cadeia de montanhas do lado português e espanhol que a protegem da influência marítima, originado grandes amplitudes térmicas no período da maturação das uvas. Isto permite-nos criar vinhos brancos de excelência.
Quais as castas utilizadas / predominantes e que características conferem aos vinhos?
O Alvarinho é a casta que predomina nos nossos vinhos. Foi com o Alvarinho que comecei a fazer as minhas experiências e ainda hoje é uma casta que nos continua a surpreender. É uma casta que origina vinhos de grande personalidade.
Outra casta muito importante na nossa produção e na qual acreditamos muito é o Loureiro. Temos já cerca de 70 hectares no vale do Lima, e estamos a apostar cada vez mais em vinhos diferenciados e com valor acrescido.
O que distingue os vinhos Anselmo Mendes de outros da mesma região?
Já trabalhamos com o Alvarinho há mais de duas décadas e o nosso foco está em assegurar a consistência na qualidade dos nossos vinhos, ano após ano. Temos um espírito inovador e gostamos de apresentar novas experiências aos consumidores todos os anos, mantendo, no entanto, o perfil que nos caracteriza.
O facto de termos mais de 120 hectares ao longo da região dos Vinhos Verdes permite-nos estudar os solos, diferentes parcelas e obter vinhos diferenciadores, que são fruto de muito estudo e de um profundo conhecimento da terra.
Que vinhos se destacam da gama e porquê?
Eu diria que os vinhos que mais se destacam são o Anselmo Mendes Parcela Única e o Anselmo Mendes Curtimenta. Estes vinhos são fruto de duas experiências em que fomos pioneiros na região – a fermentação com a película (curtimenta) e o estudo de parcelas e solos.
São também a prova de que o Alvarinho em Monção e Melgaço pode originar vinhos de excelente complexidade e com enorme potencial de envelhecimento. Afinal, não estava assim tão errado!
A que tipo de consumidor se destinam?
Um consumidor que aprecie brancos de grande complexidade, com enorme potencial de envelhecimento e que espelham a terra de onde vêm.
Se tivesse de descrever os vinhos em três palavras, quais seriam?
Autênticos, inovadores e consistentes.
Vão existir outras referências no futuro?
Estamos a apostar muito na casta Loureiro e temos aí uma “brincadeira” a caminho que acho que as pessoas vão adorar e vai ajudar a posicionar o Loureiro como uma das castas de maior qualidade do nosso país.